sábado, 7 de março de 2009

Transitividade

O substantivo perdeu seu objeto direto e foi parar no Brasil.
Chegando lá, o artigo feminino falou que ele tinha de ser predicativo do sujeito e esperar pelo próximo numeral. Já que teria que esperar, resolveu ser radical e explorar o vocábulo.
Saindo do aeroporto encontrou o sujeito e resolveu ser seu pronome e mostrar o adjetivo.
A cultura era plural e o substantivo ficou predicado pelo verbo. Cada voz ativa, passiva e reflexiva com sua língua!


A língua portuguesa provém do latim, no entanto ela origina muitos outros prefixos e sufixos.
O Adjunto adnominal e o complemento nominal sempre brigados, porém ambos corretos,
O certo vira errado e vice-versa, somos agentes da passiva das normas padrão da sociedade, mas o tõnico é o regionalismo.


Gírias são apóstrofos; vícios de linguagem comum e não se engane: sotaque não é erro! Cada pátria com seu vocativo!


O português é mais do que um idioma, ele nos conjuga, comunica, mostra nossa interjeição, o abstrato sem preconceito.


E eu como um verbo transitivo direto achei meu objeto direto.


Olímpiadas de Português - Categoria Cecília Meireles (2005)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Acordei

Ao som da música do Fantástico Mundo de Bob. Eram 5 horas da manhã. Começa mais um dia, ainda era escuro e meu sono não havia de ser ressarcido. Novo emprego, primeiro dia. Meu celular está longe e enquanto não levanto e vou fechar sua matraca ele não cessa de gritar.

Banho, café, material, música, lotação. Ao sair de casa encontro um dos momentos que mais gosto, eram 5:50 e nessas horas parece que as ruas tem vida própria, desprovidas dos humanos a preencher suas vias, aspiro o ar de uma manhã chuvosa e ainda escura.

São Paulo, dia 15 de Outubro de 2007. Metrô. Como sempre minha irmã atrasa. Um bando de gente, afinal estava chovendo e a massa é de papel. Empurra. Eu estou de pé conversando com minha irmã sobre o meu novo emprego e bobagens afinal sou um Ser falante. Mochila e muito material. Empurra.

Estava fazendo a baldiação para a Linha Azul do Metrô e pensando em como a noite teria que depois de 12 horas de trabalho ir para a Faculdade e ainda mais escrever meu artigo prometido. Sem contar nas preocupações cotidiana do Mundo dos Adultos. E além do mais havia esquecido meu guarda-chuva.

Escada rolante. Lá estava eu devaneando. Um chamado. Alguém tocou em meu ombro. Uma senhora negra e sorridente, com um semblante de bondosa. Palavras ditas.

- Você vai receber uma graça, e é logo. Acredite e você terá algo muito bom em seu futuro. Com a graça de Deus.

Eu sorri.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Ateneu

Estava voltando para casa hoje no metrô quando deparo com uma certa pessoa olhando, no começo não reconheci (nem havia como, os anos são prodigiosos quando o assunto é mudança), mas ao atentar bem percebi, sim! Era Mirela, uma amiga que estudou comigo na quarta série e por motivos de mudança de Estado assim terminou nossa jovem amizade.

O mais engraçado foi que ela me reconheceu imediatamente (Será que não mudei tanto assim?) e eu como sou extremamente distraída em minha volta p’ra casa, poderia ter repelido ela como uma qualquer criatura inconveniente que atrapalha meus pensamentos.

Conversa vai, lembrança vem. Pode-se dizer que mesmo com os anos alguma coisa continua, ela está bem! Mas foi quando ela contou-me que nosso querido Colégio Ateneu Rui Barbosa situado na Rua Padre João 470 palco de nossa amizade e infância estava sendo vendido para uma tal Universidade instalar sua Pós-Graduação.

Alguma coisa rugiu dentro de mim, mas como assim? Ateneu era um colégio como outro qualquer, bem na verdade eu ainda me lembro de brincar e sair correndo pelo pátio com o Tio brigando comigo por ser uma peste. O Teatro e a Torre mal assombrada que dava medo até nos mais velhos e superiores do colégio. As aulas de natação, a cantina, as festas juninas, as figurinhas do Garfield que comprava na Banca de Jornal ali perto e do Bidu, um pobre homem que ao ser proferido seu nome ele virava um louco e saía correndo atrás das pessoas.

Não, ele não era qualquer colégio.

É nesse momento que começo a sentir falta de algo que não sei, talvez minha infância querida ou meus sonhos de ser gente grande. Era naquela época que jogava basquete com os meninos do 3º colegial e mesmo sendo baixinha e com uma enorme diferença deles, não havia impossibilidade p’ra mim.

E hoje vejo que assim como eu estou ficando mais velha, sinto-me quase como o Pequeno Príncipe. Eu quero ser Gente Grande, mas as crianças são tão sábias, elas sim sabem aproveitar a vida. Não como essas crianças de hoje que aos dez anos estão querendo e agindo como adultos, aos 10 anos eu brincava de pega-pega e ouvia Chiquititas.

Esse texto hoje tem gosto de saudosismo, uma homenagem a saudades que temos daquilo que nem mesmo sabemos o que é, mas que faz parte da gente.

Portanto o Ateneu não é apenas um colégio, e suas paredes suspiram a histórias, não será a tal Universidade que destruirá seu alicerce porquê para p’ra mim ele sempre vai ser o meu querido Colégio Ateneu. E nessas voltas a gente reconhece o quanto ele nos trouxe, hoje foi minha amiga Mirela.

Eu também tinha “Meus Oito Anos”, talvez Casimiro de Abreu tivesse seu Ateneu.


Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Extremos


Alguém já me disse que eu nunca escrevo, porém quando faço, escrevo demais.

domingo, 2 de setembro de 2007

Palavras, apenas Palavras

Tempos em que penso em linguagem e o poder das palavras, aqueles signos mágicos que tanto Saussure falava.



Particularmente eu gosto muito da palavra Unpiomochi (Tão bela pronúncia, é quase como ouvir “Summer '68 - Pink Floyd!”), lembro-me até hoje do meu glorioso e simpático Professor Toshio ao citar pela primeira vez essa palavra:



“Palavra em japonês deve ter emoção, Unpiomochi!”.



Não conseguiria reproduzir o efeito que essa palavra produziu em mim, e muito menos o belo sotaque japonês genuíno de meu professor. Talvez tenha sido o choque cultural (Ainda hoje pode ser visto em minha pessoa as seqüelas), mas fui obrigada a travar uma epopéia com tal palavra: Mas que diabos a palavra Unpiomochi significa?



Pois é, aí começou a guerra de minha massa cinzenta oficialmente ocidental para conceber tal aberração, passei por um processo completo de autodestruição na caverna de Platão. Um signo é um elemento x que representa um elemento y para alguém, definitivamente minha mente estrategicamente matemática não ajudaria.
Mas o fato é que após alguns dias de aula finalmente pude enfrentar o monstro, quer dizer, quase isso. Lacei o tal dito cujo e roguei a Ares uma ajudinha dos Céus.



Eis então: Unpiomochi é uma palavra que não possue um significado digamos formal, mas enfim falar as palavras com emoção, entonação, ênfase...e aí está Unpiomochi!



Os sábios japoneses utilizam dessas armadilhas de linguagem quase como uma pegadinha para nós Pessoas dos Debates e Matracas, para eles sentir é muito mais importante que debater, e nas palavras, representar é muito mais que simples conceitualizar.



Da minha Batalha sobrou muito pouca coisa, minha mente repousava compadecida em seu estado crítico de absoluta ignorância, mas nada que uma simples menção não fizesse ela voltar a transmitir suas ligações nervosas habituais e dar um passeio.



Se você ainda não entendeu o que é Unpiomochi não se preocupe, seu processo de autodestruição está apenas começando, será apenas um contemplar do monstro que estás a enfrentar, imagine então quando ouvir Yatana.



Ah Carolina, como gosto desse novo mundo!




PS: Escrevi em Ro-Manji para que vocês possam pronunciar tal palavra, tentem pronunciar Unpiomochi: com calma, leveza, falem como se estivessem suspirando!



Definitivamente preciso parar de escrever.



domingo, 26 de agosto de 2007

Sensível Grenouille

Desde o momento inicial, somos carregados ao longo das páginas pelo mais primitivo dos nossos sentidos, o cheiro.




A função da linguagem é significar os significados, mas nós, homens reduzimos o signo à mera significação intelectual e a comunicação à transmissão de informação.
Esquecemos que os signos são coisas sensíveis e que operam sobre os sentidos. O odor transmite uma informação que é inseparável da sensação. O mesmo sucede com o sabor, o som e as outras expressões e impressões sensoriais.

Já não conseguimos identificar como nossos primitivos faziam, sua “lógica sensível” defendia muito mais as percepções.
O mais assombroso é o método, a maneira de associar todos esses signos até tecer com eles séries de objetos simbólicos: o mundo convertido numa linguagem sensível




Através dessas sensações que nos permitem fazer escolhas, mesmo tendo impregnado em nós uma essência dos nossos primitivos.





Isso remete ao personagem Jean-Baptiste Grenouille (Personagem do livro “O Perfume – Patrick Süskind”), um personagem abominável e fascinante, nasceu sem cheiro e, por isso, rejeitado por todos. Porém para compensar possuía uma percepção até privilegiada de odores, mas erroneamente exclusiva, ele almejava criar um cheiro que causasse amor incondicional a quem o cheirasse.
De fato ele repugnava a idéia de outros seres, O fato dele não exalar nenhum aroma próprio e precisar “criar” determinados odores para ser notado exibe sua exclusão. Grenouille se dá conta de sua genialidade e não a usa como fator de agregação e sim de conquista. Ele vê o ser humano, em última análise, apenas como matéria-prima. Paradoxalmente ele quer o aroma do amor; ele quer o amor!





E o amor dá-se primeiramente pelo odor.





Então nós, homens modernos e virtuais estaríamos fadados a não percepção desses odores? Porque Grenouille era excluso exatamente por não possuir tal cheiro na Sociedade, nem mesmo era visto como Humano. Procurava o amor pelo odor e pureza, mesmo tratando de assassiná-lo em busca desse Perfume.




Penso em como seria Grenouille no séc. XXI, com apenas uma virtualidade ele poderia tomado outro rumo. Sim, bastaria ele criar seu mundo virtual e não importa o seu cheiro (ou a falta dele), nesse mundo basta um computador.
Então talvez ele não precisasse desse Perfume, e o amor seria apenas sua ilusão sobre o objeto aprendido. Oras, a Sociedade não iria reprimir por tal cheiro, nossas sensibilidades no virtual são dados pelo Intelecto, deixem os sensíveis p’ra lá!

Não existiria o crime, tão pouco a pureza que tanto procurava.





Reduzir os sentimentos ao odor que eles exalam é patinar num imenso vazio, porém deixar que nossa virtualidade seja excludente da lógica sensível é estar no vazio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Uma noite diante de meu reflexo

Para primeiro post resolvi que não vou falar de como surgiu o nome do Blogg ou mesmo alguma coisa relacionada a minha pessoa. Uma noite inspirada estava, e resolvi escrever sobre uma Teoria que perseguia minha mente fazia tempo. Escrevi esse texto sobre Espelhos e agora divido meus pensamento ainda incompletos e a escrita dos 15 anos de idade.

O espelho é um objeto até mesmo metafísico que representa muitos simbolismos, e todos eles levam ao ser e vinde a ser.

Na psicologia o espelho é o homem, o reflexo é que o torna homem e o homem é seu reflexo. Quando você xinga alguém ou não gosta de uma pessoa na verdade você não gosta de algo seu que refletiu na pessoa.

É cm se você entrasse em uma daquelas cabines com quatro espelhos, surgirá os raios incidentes: chame-os de qualidades e defeitos; até mais que isso são partículas do Ser refletidas.

O maior ponto do homem é sua característica sendo que sua estrutura não está sendo sujeita de cm é formada aqui, contrapõe os opostos: defeitos e qualidades, quando citamos isso veja que são relativos, por exemplo, a sinceridade tanto pode ser uma qualidade cm um defeito, vai depender da sua intenção (e interpretação).

A perfeição é uma maneira do homem buscar algo, um método de evolução, sabemos que é inalcançável por isso mesmo que tanto tentamos chegar. Quando digo que o espelho é um caminho, estou querendo dizer que através de nossos reconhecimentos, a auto-avaliação é um meio-caminho da evolução.

Evolução no mais amplo dos sentidos; “Conhece a ti mesmo” e a partir desse conhecimento seja a luz. Fiz uma analogia, a luz que faz o espelho refletir e logo a imagem virtual, o conhecimento que reflete no homem e logo a idéia, o esclarecimento.

“O inferno somos nós” – Sartre

O inferno nos outros é o inferno que vemos em nós mesmos, somos reflexos, lembra? Para que ambos se contentem veja o céu, seja o auto contentamento.

Pegue um espelho dos desejos e coloque uma pessoa realizada lá, ela simplesmente verá nada mais que sua imagem normal, pq é contente consigo e reflete nos outros sua felicidade, o auto conhecimento não deve trazer a contemplação, mas a simplicidade das coisas e/ou sua realidade, aceitação sem esquecer o melhoramento do mesmo.

Não existe apenas uma parte, defeitos e qualidades, são opostos por complementarem entre si, a perfeição é reconhecer os opostos e fazer disso conhecimento.

Sendo um caminho o espelho exige escolhas, antigamente pessoas tinham medo de espelhos, pois eles aprisionam suas almas se olhassem, uma mente distorcida terá imagens distorcidas, enganar a si próprio é a prisão da alma, sem o conhecimento acabamos presos por uma idéia e nada mais que aquela, a ignorância nasce da nossa prisão.

A palavra reflexo se constrói a partir do verbo latino flectere, que se traduz por “fletir” ou “curvar-se”, e pelo antepositivo, que expressa aquilo que se faz “novamente” ou “para trás”. Etimologicamente refletir significa, portanto, inclinar-se para trás.

Os egípcios utilizavam-se de espelhos para rituais de magia, observação dos fenômenos e adivinhação, lembra da bruxa-madrasta e sua evocação do gênio, e ainda falando em misticismo o espelho é um mergulho em si mesmo que leva a outro nível de consciência.