domingo, 26 de agosto de 2007

Sensível Grenouille

Desde o momento inicial, somos carregados ao longo das páginas pelo mais primitivo dos nossos sentidos, o cheiro.




A função da linguagem é significar os significados, mas nós, homens reduzimos o signo à mera significação intelectual e a comunicação à transmissão de informação.
Esquecemos que os signos são coisas sensíveis e que operam sobre os sentidos. O odor transmite uma informação que é inseparável da sensação. O mesmo sucede com o sabor, o som e as outras expressões e impressões sensoriais.

Já não conseguimos identificar como nossos primitivos faziam, sua “lógica sensível” defendia muito mais as percepções.
O mais assombroso é o método, a maneira de associar todos esses signos até tecer com eles séries de objetos simbólicos: o mundo convertido numa linguagem sensível




Através dessas sensações que nos permitem fazer escolhas, mesmo tendo impregnado em nós uma essência dos nossos primitivos.





Isso remete ao personagem Jean-Baptiste Grenouille (Personagem do livro “O Perfume – Patrick Süskind”), um personagem abominável e fascinante, nasceu sem cheiro e, por isso, rejeitado por todos. Porém para compensar possuía uma percepção até privilegiada de odores, mas erroneamente exclusiva, ele almejava criar um cheiro que causasse amor incondicional a quem o cheirasse.
De fato ele repugnava a idéia de outros seres, O fato dele não exalar nenhum aroma próprio e precisar “criar” determinados odores para ser notado exibe sua exclusão. Grenouille se dá conta de sua genialidade e não a usa como fator de agregação e sim de conquista. Ele vê o ser humano, em última análise, apenas como matéria-prima. Paradoxalmente ele quer o aroma do amor; ele quer o amor!





E o amor dá-se primeiramente pelo odor.





Então nós, homens modernos e virtuais estaríamos fadados a não percepção desses odores? Porque Grenouille era excluso exatamente por não possuir tal cheiro na Sociedade, nem mesmo era visto como Humano. Procurava o amor pelo odor e pureza, mesmo tratando de assassiná-lo em busca desse Perfume.




Penso em como seria Grenouille no séc. XXI, com apenas uma virtualidade ele poderia tomado outro rumo. Sim, bastaria ele criar seu mundo virtual e não importa o seu cheiro (ou a falta dele), nesse mundo basta um computador.
Então talvez ele não precisasse desse Perfume, e o amor seria apenas sua ilusão sobre o objeto aprendido. Oras, a Sociedade não iria reprimir por tal cheiro, nossas sensibilidades no virtual são dados pelo Intelecto, deixem os sensíveis p’ra lá!

Não existiria o crime, tão pouco a pureza que tanto procurava.





Reduzir os sentimentos ao odor que eles exalam é patinar num imenso vazio, porém deixar que nossa virtualidade seja excludente da lógica sensível é estar no vazio.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Uma noite diante de meu reflexo

Para primeiro post resolvi que não vou falar de como surgiu o nome do Blogg ou mesmo alguma coisa relacionada a minha pessoa. Uma noite inspirada estava, e resolvi escrever sobre uma Teoria que perseguia minha mente fazia tempo. Escrevi esse texto sobre Espelhos e agora divido meus pensamento ainda incompletos e a escrita dos 15 anos de idade.

O espelho é um objeto até mesmo metafísico que representa muitos simbolismos, e todos eles levam ao ser e vinde a ser.

Na psicologia o espelho é o homem, o reflexo é que o torna homem e o homem é seu reflexo. Quando você xinga alguém ou não gosta de uma pessoa na verdade você não gosta de algo seu que refletiu na pessoa.

É cm se você entrasse em uma daquelas cabines com quatro espelhos, surgirá os raios incidentes: chame-os de qualidades e defeitos; até mais que isso são partículas do Ser refletidas.

O maior ponto do homem é sua característica sendo que sua estrutura não está sendo sujeita de cm é formada aqui, contrapõe os opostos: defeitos e qualidades, quando citamos isso veja que são relativos, por exemplo, a sinceridade tanto pode ser uma qualidade cm um defeito, vai depender da sua intenção (e interpretação).

A perfeição é uma maneira do homem buscar algo, um método de evolução, sabemos que é inalcançável por isso mesmo que tanto tentamos chegar. Quando digo que o espelho é um caminho, estou querendo dizer que através de nossos reconhecimentos, a auto-avaliação é um meio-caminho da evolução.

Evolução no mais amplo dos sentidos; “Conhece a ti mesmo” e a partir desse conhecimento seja a luz. Fiz uma analogia, a luz que faz o espelho refletir e logo a imagem virtual, o conhecimento que reflete no homem e logo a idéia, o esclarecimento.

“O inferno somos nós” – Sartre

O inferno nos outros é o inferno que vemos em nós mesmos, somos reflexos, lembra? Para que ambos se contentem veja o céu, seja o auto contentamento.

Pegue um espelho dos desejos e coloque uma pessoa realizada lá, ela simplesmente verá nada mais que sua imagem normal, pq é contente consigo e reflete nos outros sua felicidade, o auto conhecimento não deve trazer a contemplação, mas a simplicidade das coisas e/ou sua realidade, aceitação sem esquecer o melhoramento do mesmo.

Não existe apenas uma parte, defeitos e qualidades, são opostos por complementarem entre si, a perfeição é reconhecer os opostos e fazer disso conhecimento.

Sendo um caminho o espelho exige escolhas, antigamente pessoas tinham medo de espelhos, pois eles aprisionam suas almas se olhassem, uma mente distorcida terá imagens distorcidas, enganar a si próprio é a prisão da alma, sem o conhecimento acabamos presos por uma idéia e nada mais que aquela, a ignorância nasce da nossa prisão.

A palavra reflexo se constrói a partir do verbo latino flectere, que se traduz por “fletir” ou “curvar-se”, e pelo antepositivo, que expressa aquilo que se faz “novamente” ou “para trás”. Etimologicamente refletir significa, portanto, inclinar-se para trás.

Os egípcios utilizavam-se de espelhos para rituais de magia, observação dos fenômenos e adivinhação, lembra da bruxa-madrasta e sua evocação do gênio, e ainda falando em misticismo o espelho é um mergulho em si mesmo que leva a outro nível de consciência.