quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Ateneu

Estava voltando para casa hoje no metrô quando deparo com uma certa pessoa olhando, no começo não reconheci (nem havia como, os anos são prodigiosos quando o assunto é mudança), mas ao atentar bem percebi, sim! Era Mirela, uma amiga que estudou comigo na quarta série e por motivos de mudança de Estado assim terminou nossa jovem amizade.

O mais engraçado foi que ela me reconheceu imediatamente (Será que não mudei tanto assim?) e eu como sou extremamente distraída em minha volta p’ra casa, poderia ter repelido ela como uma qualquer criatura inconveniente que atrapalha meus pensamentos.

Conversa vai, lembrança vem. Pode-se dizer que mesmo com os anos alguma coisa continua, ela está bem! Mas foi quando ela contou-me que nosso querido Colégio Ateneu Rui Barbosa situado na Rua Padre João 470 palco de nossa amizade e infância estava sendo vendido para uma tal Universidade instalar sua Pós-Graduação.

Alguma coisa rugiu dentro de mim, mas como assim? Ateneu era um colégio como outro qualquer, bem na verdade eu ainda me lembro de brincar e sair correndo pelo pátio com o Tio brigando comigo por ser uma peste. O Teatro e a Torre mal assombrada que dava medo até nos mais velhos e superiores do colégio. As aulas de natação, a cantina, as festas juninas, as figurinhas do Garfield que comprava na Banca de Jornal ali perto e do Bidu, um pobre homem que ao ser proferido seu nome ele virava um louco e saía correndo atrás das pessoas.

Não, ele não era qualquer colégio.

É nesse momento que começo a sentir falta de algo que não sei, talvez minha infância querida ou meus sonhos de ser gente grande. Era naquela época que jogava basquete com os meninos do 3º colegial e mesmo sendo baixinha e com uma enorme diferença deles, não havia impossibilidade p’ra mim.

E hoje vejo que assim como eu estou ficando mais velha, sinto-me quase como o Pequeno Príncipe. Eu quero ser Gente Grande, mas as crianças são tão sábias, elas sim sabem aproveitar a vida. Não como essas crianças de hoje que aos dez anos estão querendo e agindo como adultos, aos 10 anos eu brincava de pega-pega e ouvia Chiquititas.

Esse texto hoje tem gosto de saudosismo, uma homenagem a saudades que temos daquilo que nem mesmo sabemos o que é, mas que faz parte da gente.

Portanto o Ateneu não é apenas um colégio, e suas paredes suspiram a histórias, não será a tal Universidade que destruirá seu alicerce porquê para p’ra mim ele sempre vai ser o meu querido Colégio Ateneu. E nessas voltas a gente reconhece o quanto ele nos trouxe, hoje foi minha amiga Mirela.

Eu também tinha “Meus Oito Anos”, talvez Casimiro de Abreu tivesse seu Ateneu.


Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Extremos


Alguém já me disse que eu nunca escrevo, porém quando faço, escrevo demais.

domingo, 2 de setembro de 2007

Palavras, apenas Palavras

Tempos em que penso em linguagem e o poder das palavras, aqueles signos mágicos que tanto Saussure falava.



Particularmente eu gosto muito da palavra Unpiomochi (Tão bela pronúncia, é quase como ouvir “Summer '68 - Pink Floyd!”), lembro-me até hoje do meu glorioso e simpático Professor Toshio ao citar pela primeira vez essa palavra:



“Palavra em japonês deve ter emoção, Unpiomochi!”.



Não conseguiria reproduzir o efeito que essa palavra produziu em mim, e muito menos o belo sotaque japonês genuíno de meu professor. Talvez tenha sido o choque cultural (Ainda hoje pode ser visto em minha pessoa as seqüelas), mas fui obrigada a travar uma epopéia com tal palavra: Mas que diabos a palavra Unpiomochi significa?



Pois é, aí começou a guerra de minha massa cinzenta oficialmente ocidental para conceber tal aberração, passei por um processo completo de autodestruição na caverna de Platão. Um signo é um elemento x que representa um elemento y para alguém, definitivamente minha mente estrategicamente matemática não ajudaria.
Mas o fato é que após alguns dias de aula finalmente pude enfrentar o monstro, quer dizer, quase isso. Lacei o tal dito cujo e roguei a Ares uma ajudinha dos Céus.



Eis então: Unpiomochi é uma palavra que não possue um significado digamos formal, mas enfim falar as palavras com emoção, entonação, ênfase...e aí está Unpiomochi!



Os sábios japoneses utilizam dessas armadilhas de linguagem quase como uma pegadinha para nós Pessoas dos Debates e Matracas, para eles sentir é muito mais importante que debater, e nas palavras, representar é muito mais que simples conceitualizar.



Da minha Batalha sobrou muito pouca coisa, minha mente repousava compadecida em seu estado crítico de absoluta ignorância, mas nada que uma simples menção não fizesse ela voltar a transmitir suas ligações nervosas habituais e dar um passeio.



Se você ainda não entendeu o que é Unpiomochi não se preocupe, seu processo de autodestruição está apenas começando, será apenas um contemplar do monstro que estás a enfrentar, imagine então quando ouvir Yatana.



Ah Carolina, como gosto desse novo mundo!




PS: Escrevi em Ro-Manji para que vocês possam pronunciar tal palavra, tentem pronunciar Unpiomochi: com calma, leveza, falem como se estivessem suspirando!



Definitivamente preciso parar de escrever.